Educação e IDEB do RN: algo a comemorar?
A edição de 2023 do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) trouxe à tona a difícil realidade da educação pública do Rio Grande do Norte. O estado ocupa o último lugar nas três etapas avaliadas: ensino fundamental – anos iniciais, anos finais e ensino médio.
Apesar de um quadro alarmante, comemoramos os avanços de unidades de ensino estaduais e municipais que, com esforços quase sempre próprios, superam a ineficiência da gestão pública e sinalizam que, com um pouco mais de condições – como um calendário escolar que respeite os dias e horas letivas e um corpo docente completo, comprometido e orientado, pedagogicamente – alcançaríamos níveis razoáveis.
Um exemplo a ser destacado é o desempenho exitoso de escolas de ensino médio que se refletissem a média das escolas, o RN não estaria em último lugar. Como ex-secretária de educação, vi com entusiasmo dois Centros Estaduais de Educação Profissional (CEEP) – João Faustino e Lourdinha Guerra – liderarem com IDEB 5,2 e os outros cinco centros, também inaugurados em 2017, alcançarem índices superiores a 4,1, a média nacional. O Centro Jessé Freire, única unidade com a oferta do ensino técnico até 2016, aparece em 4º lugar na lista que ainda conta com o CEEP Profª Djanira Brasilino, inaugurado em 2018. Ampliada de forma exponencial, a rede de ensino técnico saiu de uma para 61 unidades, apesar de a minha gestão ter sido de apenas dois anos e oito meses.
Escolas de tempo integral que entraram em atividades a partir de 2017, 2018 e até algumas selecionadas e preparadas para iniciar em 2019 conquistaram posições importantes no ranking das 36 escolas com IDEB a partir da média nacional. Ao assumir a secretaria, nenhuma escola de tempo integral existia, deixamos 40, somente de ensino médio e com um projeto definido que orientava o trabalho pedagógico.
É preciso a população ter ciência que, a partir de 2019, desafios aumentaram para as escolas com a interrupção do projeto #QueroAprender que preparava os jovens para o ENEM e, consequentemente, para outras avaliações, com o término de parcerias fundamentais (sem custos para o estado) com institutos e fundações nacionais que ajudavam a implementar o tempo integral e com o Instituto Unibanco que desenvolvia o programa Jovem de Futuro, desde 2017. A descontinuidade dificultou avanços nas 143 escolas que se beneficiavam do “circuito de gestão com foco na aprendizagem” e nas outras que seriam incorporadas nos anos seguintes.
O retorno do IDEB aos 3,2 de 2019, aquele que avaliou a minha gestão, convenhamos, não representou avanços, pois aumentou o número de escolas com 80% dos estudantes participantes, mas o estado continuou no mesmo último lugar, isolado, de 2021, enquanto vimos outros estados avançarem. Todavia, enquanto o RN urge pelo fortalecimento das unidades de ensino existentes, o Governo escolheu construir prédios novos e doar alguns, já equipados, à rica União. Logo, transformar a realidade educacional do RN passa por superar a miséria política e a ineficiência gerencial, além de investir, eficazmente, no regime de colaboração com os municípios para que se alcance o sucesso escolar desde a educação infantil.
A educação potiguar, finalmente, clama por atuações de corresponsabilidade das casas legislativas, dos órgãos de controle e fiscalização, dos veículos de comunicação e de uma população mais exigente. É imperativo aprender com os acertos, fortalecer e expandir iniciativas que funcionam para garantir que todos os estudantes aprendam.
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Fonte: Tribuna do Norte