Educação

Educação científica é pilar de uma sociedade civilizada

A educação científica em conjunto com a alfabetização das letras e a dos números são os três pilares de uma educação de qualidade. A ciência é o melhor caminho para se entender o mundo. O conhecimento científico é o capital mais importante do mundo civilizado. A educação científica desenvolve habilidades, define conceitos e conhecimentos, estimulando a criança e o jovem a observar, questionar, investigar e entender de maneira lógica os seres vivos, o meio em que vivem e os eventos do dia a dia. Além disso, estimula a curiosidade, a imaginação e o entendimento do processo de construção do conhecimento.

Investir no conhecimento científico contribuirá para que os seus resultados estejam ao alcance de todos. É fundamental para que a sociedade possa compreender a importância da ciência no cotidiano. Ela também representa o primeiro degrau da formação de recursos humanos para as atividades de pesquisa científica e tecnológica. É preciso considerar que o analfabetismo científico aumentará as desigualdades, marginalizando o mercado de trabalho as maiorias que hoje já são excluídas.

No Brasil, com mais de 60 milhões de estudantes, ainda falta muito que fazer para que a educação científica tenha seu merecido destaque no currículo escolar. O desafio é criar um sistema educacional que explore a curiosidade das crianças e mantenha a sua motivação para aprender por meio da vida. As escolas precisam se constituir em ambientes estimulantes. Experiências recentes têm estimulado o interesse das crianças e jovens pela ciência e tecnologia.

Um deles é o Projeto Mão na Massa, introduzido no Brasil pela Academia Brasileira de Ciências. Essa iniciativa faz uso de atividades experimentais, estimulando o desenvolvimento da linguagem oral e escrita e investindo na formação de docentes. Outra experiência de sucesso foi conduzida em Natal, Macaíba (RN) e Serrinha (BA). As crianças frequentavam uma escola de ciências nos horários opostos ao horário escolar formal. Os ambientes de aprendizagem (laboratórios, oficinas etc.) foram desenhados e equipados especialmente para despertar o interesse pela ciência nos estudantes do ensino fundamental. Outra iniciativa que foi implantada há mais de 20 anos e continua até o presente é o Programa de Vocações Científicas (Provoc), do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), que tem estimulado vocações na área biomédica em centenas de jovens.

A célebre frase de Paulo Freire “A leitura do mundo precede a leitura da palavra” aponta a importância da educação científica para as crianças que, de posse de um conjunto de conhecimentos, facilitam a realização da leitura do mundo em que vivem. A visão do mundo é construída a partir da infância, na família, e tem o seu ponto de inflexão na escola. Diante das novas necessidades da educação em ciências no século 21, a escola deve ser percebida como tendo um potencial riquíssimo de encontro humano, desperdiçado pela repetição secular de uma pedagogia tradicional.

Por meio de uma nova educação científica no ensino infantil e fundamental, poderemos mudar esse nível de ensino, preparando jovens que não vão aceitar um ensino médio ou superior de baixa qualidade. Nessa nova pedagogia, a experimentação deverá ser o principal instrumento de estímulo e da aprendizagem da ciência. Os recursos modernos de comunicação por meio de mídias digitais (vídeos, interação via TV digital, internet etc.) deverão ter um papel importante no ensino de ciências para nossos jovens.

A comunidade acadêmica sempre reconheceu a importância da educação científica. Um exemplo que se destaca são as reuniões anuais da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que introduziu há vários anos a SBPC Jovem com ampla participação de estudantes e professores do ensino básico. A ampliação de notáveis iniciativas, como clube de ciências, feiras de ciências, museus científicos, olimpíadas e outros espaços de aprendizagem, devem estar sempre nas agendas das crianças e dos jovens do Brasil.

É fundamental que o ensino de ciências seja feito de modo agradável e divertido. Os professores deveriam ter em mente que o ensino de ciências deve ser prazeroso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a escola de ciências de Natal, mencionada anteriormente. Nessa ocasião, perguntou a uma estudante de 10 anos o seguinte: “Você gosta dessa escola de ciências?”. A aluna respondeu: “Isso não é escola de ciências, isso é um parque de diversões”. Sem comentários.

Fonte: Correio Braziliense

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