Saúde

Dezembro Laranja: veja 12 mitos e verdades sobre câncer de pele

A campanha Dezembro Laranja, instituída pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), alerta para a prevenção e detecção precoce do câncer de pele. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o tumor é o mais frequente no Brasil e no mundo.

Existem dois tipos principais de câncer de pele: o melanoma, que tem origem nas células produtoras de melanina, sendo mais frequente em adultos brancos, segundo o Ministério da Saúde; e o não melanoma, que é o mais frequente no Brasil, responsável por 30% de todos os casos de tumores malignos registrados no país, de acordo com a pasta.

Há, ainda, subtipos de câncer de pele não melanoma, sendo os mais frequentes o carcinoma basocelular (menos agressivo, caracterizado por uma lesão, ferida ou nódulo, e evolução lenta) e o carcinoma epidermoide (surge por uma ferida ou cicatriz, principalmente decorrente de queimadura; a maior gravidade se deve à possibilidade de apresentar metástase, ou seja, de se espalhar para outros órgãos).

Por ser um câncer com alta incidência no Brasil, é importante conhecer os principais sinais precoces, sintomas, formas de prevenção e exames que ajudam a detectar o tumor. Para sanar dúvidas e evitar desinformação, a CNN lista, a seguir, 12 mitos e verdades sobre a doença respondidas por especialistas no assunto. Confira:

1. Apenas quem se expõe muito ao sol pode ter câncer de pele

Mito. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), entre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele o principal é a exposição solar excessiva, especialmente entre 10h e 16h. No entanto, essa não é a única possível causa para o tumor.

De acordo com a entidade, qualquer pessoa pode ter câncer de pele, independentemente do nível de exposição solar. Em alguns casos, o indivíduo pode apresentar mutação genética associada a uma síndrome de maior predisposição para desenvolver a doença, como o melanoma familial.

Por isso, segundo a SBCO, familiares de pacientes diagnosticados com a doença, sobretudo os de primeiro grau, devem se submeter a exames preventivos regularmente.

2. Protetor solar previne o câncer de pele

Verdade. Pelo fato da exposição solar excessiva ser um dos principais fatores de risco para o câncer de pele, o uso do protetor solar é uma importante forma de prevenção, já que reduz os danos causados pelos raios ultravioleta  (UV), prevenindo alterações celulares que podem levar ao câncer.

Além do filtro solar, é fundamental combinar outras formas de proteção solar. “O uso de roupas com proteção UV, chapéus e óculos escuros também ajudam, mas é importante lembrar que nenhuma medida isolada substitui o cuidado regular com a pele”, afirma Larissa Montanheiro, dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

3. Câncer de pele só ocorre em pessoas com pele clara

Mito. Embora pessoas com pele clara, olhos claros e cabelos ruivos ou loiros tenham maior risco, o câncer de pele pode afetar pessoas de todas as etnias, segundo a SBCO.

“No Brasil, com sua grande diversidade étnica, o melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele, pode ser diagnosticado em qualquer tipo de pele, embora seja mais comum em pessoas de pele clara. Os negros apresentam menos risco de câncer de pele, mas, quando a doença ocorre (especialmente nas extremidades das mãos, região plantar e sob as unhas) o prognóstico costuma ser pior”, afirma a entidade.

4. O câncer de pele é uma doença exclusivamente de idosos e não atinge pessoas jovens

Mito. A incidência de câncer de pele aumenta com a idade, devido à exposição solar ao longo da vida. Porém, o melanoma tem sido diagnosticado com mais frequência em jovens adultos, especialmente entre aqueles que praticam atividades ao ar livre sem proteção adequada ao longo dos anos.

De acordo com especialistas do Oswaldo Cruz, casos de melanoma podem ocorrer em crianças e jovens, especialmente devido a fatores genéticos ou exposição solar intensa e desprotegida.

5. Queimaduras solares na infância aumentam o risco de câncer de pele na vida adulta

Verdade. Os danos causados pelos raios UV são cumulativos e queimaduras solares intensas na infância ou adolescência aumentam significativamente o risco de desenvolver câncer de pele ao longo da vida, de acordo com especialista do Oswaldo Cruz.

6. Os sintomas do câncer de pele são sempre visíveis

Mito. Em estágios iniciais, o câncer de pele pode ser silencioso, sem coceira, dor ou mudanças perceptíveis. Além disso, o melanoma, por exemplo, pode se desenvolver em áreas do corpo que não são frequentemente expostas ao sol, como as palmas das mãos, plantas dos pés ou nas mucosas.

Nesse sentido, a detecção precoce é essencial, o que torna os exames regulares com um dermatologista fundamentais.

Uma das principais estratégias de prevenção ao subtipo melanoma pode ser o autoexame. Para isso, Montanheiro recomenda a adoção da regra ABCDE, para analisar as pintas do corpo, que auxilia na identificação de lesões suspeitas:

  • A (Assimetria): pintas com formas desiguais.
  • B (Bordas): pintas com bordas irregulares ou mal definidas.
  • C (Cor): alterações ou múltiplas cores em uma mesma pinta.
  • D (Diâmetro): lesões maiores que 5mm.
  • E (Evolução): mudanças no tamanho, forma ou cor das pintas

“Se houver qualquer dúvida sobre uma pinta ou mancha, o ideal é procurar um dermatologista. Esse tipo de avaliação pode fazer toda a diferença”, alerta.

7. Pessoas negras não desenvolvem câncer de pele

Mito. Embora a melanina ofereça proteção adicional contra raios UV, pessoas negras também estão suscetíveis, especialmente em áreas menos expostas ao sol, como as palmas das mãos e plantas dos pés, de acordo com especialistas do Oswaldo Cruz.

8. Melanoma é sempre uma pinta preta

Mito. Existem subtipos de melanoma, como o amelanótico, que não apresentam pigmentação escura. Essas lesões podem ser confundidas com outras condições benignas, dificultando o diagnóstico precoce.

9. Manchas vermelhas na pele podem ser câncer

Verdade. Lesões vermelhas que coçam, descamam ou sangram podem ser sinais de carcinoma espinocelular ou outros tipos de câncer de pele, de acordo com especialistas do Oswaldo Cruz. É importante procurar um dermatologista para avaliação.

10. O diagnóstico inicial do câncer de pele é feito apenas por biópsia.

Depende. A biópsia é importante para confirmar o diagnóstico, mas o câncer de pele pode ser detectado inicialmente por meio de outros exames, como a dermatoscopia, uma técnica não invasiva de avaliação da pele, de acordo com a SBCO. Essa análise ajuda o dermatologista a observar estruturas da pele com maior detalhamento, facilitando o diagnóstico precoce.

11. A dor é um sinal de câncer de pele

Nem sempre. A dor não é um sintoma comum do câncer de pele, especialmente no caso de melanomas iniciais. Muitas vezes, o câncer de pele pode se desenvolver sem dor, coceira ou qualquer outro sintoma. Mudanças na aparência da pele, como manchas novas ou alterações em pintas existentes, são sinais mais comuns, alerta a SBCO.

12. O câncer de pele é fácil de tratar e não necessita de acompanhamento

Depende. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor o prognóstico, aumentando as chances de cura. Se não for um melanoma, a remoção do tumor costuma ser simples.

Se for um não melanoma, a remoção do tumor costuma ser simples, envolvendo apenas a remoção da lesão cancerígena por meio de uma pequena cirurgia ou procedimento como a curetagem. No caso dos melanomas, o procedimento varia de acordo com a extensão da doença. Em geral, podem ser combinados outros tratamentos que incluem quimioterapia, radioterapia e imunoterapia.

Mesmo após o tratamento, o acompanhamento regular com um dermatologista é necessário para monitorar possíveis recidivas, orienta a SBCO.

Fonte: CNN Brasil