Tecnologia criada no RN auxilia no diagnóstico precoce da Esclerose Lateral Amiotrófica
Uma tecnologia desenvolvida por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) pode auxiliar no diagnóstico precoce da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
O projeto foi desenvolvido em parceria com o Instituto Santos Dumont e com o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da UFRN. O aparelho utiliza sensores e eletrodos para monitorar a progressão da doença e pode ajudar na reabilitação física dos pacientes.
A fisioterapeuta Ana Paula Mendonça Fernandes, mestranda na UFRN, é uma das pesquisadoras envolvidas no desenvolvimento do equipamento. O projeto é fruto de sua dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia.
Segundo ela, o dispositivo mede a velocidade e a contração muscular, dados fundamentais para que os médicos possam fechar o diagnóstico da ELA.
“A gente consegue identificar dados neuromusculares, os dados são transmitidos para o computador e com isso temos alguns algoritmos que fazem identificação de características, então a gente consegue identificar um biomarcador da doença e diferenciar uma pessoa com ELA e uma pessoa saudável, identificar o nível de fadiga muscular e fazer o monitoramento dessa doença”, explicou.
Ainda em fase de protótipo, o dispositivo pode reduzir o tempo entre o surgimento dos sintomas e a confirmação da doença. A expectativa dos pesquisadores é que, no futuro, a tecnologia possa ser incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS).
“É uma doença que precisa ser vistas para que o paciente possa ser visto. Então o que fazemos é oferecer um sistema, no qual o profissional de saúde consegue identificar esse paciente de uma forma mais rápida e o tratamento seja feito de forma mais humana”, disse Ana Paula.
José Fernandes de Amorim, servidor público estadual de 57 anos, convive com a ELA, a doença degenerativa afetou os movimentos das pernas e, parcialmente, dos braços.
“É uma doença progressiva, ela vai evoluindo com o tempo, embora seja uma doença personalizada, cada paciente é único. Hoje os meus membros inferiores são os que estão mais comprometidos”, relata José.
José conta que sentiu os primeiros sintomas em dezembro de 2019, durante uma caminhada próxima à sua casa. Ele perdeu a força no pé direito. O diagnóstico foi concluído apenas em outubro de 2021, após consultas com especialistas em angiologia, ortopedia e neurologia.
O avanço da pesquisa representa uma possibilidade para pacientes que convivem com a ELA, como José que destaca a esperança de que a ciência desenvolva novas soluções para oferecer mais qualidade de vida a quem enfrenta a doença.
“O mais importante é que ela consegue por sinais biológicos do paciente, identificar o ritmo de evolução do paciente. Uma coisa realmente extraordinária, nós esperamos que a ciência ainda possa fechar esse quebra-cabeça da ELA, que é muito complexo”, concluiu.
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta os neurônios motores, responsáveis pelo controle dos músculos voluntários.
Com o avanço da doença, os pacientes perdem gradualmente a capacidade de se mover, falar e, em estágios avançados, respirar de forma independente.
O diagnóstico da ELA pode ser demorado, pois os sintomas iniciais variam entre os pacientes.
Fonte: Portal G1 RN