Grupo é suspeito de adulterar e ocultar documentos da prefeitura de Santa Cruz; Polícia Civil cumpre mandados de busca
Uma operação deflagrada pela Polícia Civil nesta sexta-feira (21) investiga um grupo suspeito de alterar, suprimir e ocultar documentos públicos da Prefeitura de Santa Cruz, na região Agreste potiguar.
Segundo as investigações as irregularidades teriam sido cometidas por integrantes da gestão municipal anterior, logo após as eleições de 2024. O grupo contaria com uma estrutura clandestina voltada à adulteração de documentos, operada por ex-servidores e contratados já exonerados.
Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão nas cidades de Natal, Parnamirim, Macaíba e Santa Cruz, e aplicadas nove medidas cautelares diversas da prisão.
Entre as restrições impostas pela Justiça, está a proibição dos investigados de acessarem qualquer dependência da Prefeitura de Santa Cruz, especialmente o setor de arquivos, onde teriam sido realizadas as adulterações.
Uma pessoa foi presa em flagrante por posse ilegal de arma de fogo, em Santa Cruz.
Segundo a polícia, a Operação Linha de Produção é conduzida pelo Departamento de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (DECCOR-LD), em conjunto com a 80ª Delegacia de Polícia de Santa Cruz.
Investigação
O nome da operação faz referência à estrutura organizada descoberta no local que abrigava o “arquivo morto” da prefeitura.
Segundo a polícia, a investigação identificou um esquema estruturado de adulteração documental, funcionando em etapas bem definidas. Na fase de manipulação digital, computadores e impressoras eram utilizados para produzir documentos adulterados.
Em seguida, na etapa de análise documental, mesas eram organizadas para revisar os procedimentos administrativos, identificando pendências, como assinaturas ausentes.
Por fim, na fase de fraudes e digitalização, páginas de processos eram rasgadas ou substituídas antes da digitalização e novo arquivamento.
Entre os indícios de irregularidades encontrados, destacam-se procedimentos sem assinaturas, acompanhados de anotações sobre as pendências, páginas parcialmente suprimidas, onde assinaturas eram retiradas e substituídas antes da digitalização, e processos financeiros com pagamentos efetuados sem a devida liquidação, o que caracterizaria possível desvio de recursos públicos.
Nova gestão não encontrou documentos
Segundo a polícia, no início de 2025, a nova administração do município constatou a ausência de documentos essenciais para a continuidade dos trabalhos.
No dia 10 de janeiro, esses documentos foram localizados em um imóvel alugado “em caráter emergencial” pela gestão anterior, após a derrota eleitoral.
No local, foram encontrados os processos administrativos alterados, documentos suprimidos e indícios de pagamentos irregulares.
Além disso, a nova administração municipal denunciou que os computadores da prefeitura teriam sido formatados, comprometendo informações essenciais. Diante desse cenário, foi decretado estado de calamidade administrativa no município.
Fonte: Portal G1 RN