Quem pode substituir Francisco? Veja nomes cotados
Com a morte do papa Francisco nesta segunda-feira (21), o Vaticano vai começar os preparativos para escolher um novo líder da Igreja Católica.
Até que isso ocorra, a Igreja terá uma espécie de governo temporário, e as decisões urgentes ficarão a cargo do Colégio dos Cardeais.
A votação para eleger um novo papa, chamada de Conclave, deve começar entre 15 e 20 dias. Estão aptos a participar da eleição 135 cardeais com menos de 80 anos, membros do Colégio, sendo sete brasileiros.
Veja a seguir alguns nomes que estão sendo cotados para suceder Francisco.
Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha, francês, 66 anos

Jean-Marc Aveline, apelidado por alguns de “João XXIV” por sua semelhança com o papa João XXIII, é um cardeal francês conhecido por sua personalidade acessível, senso de humor e alinhamento ideológico com o papa Francisco, especialmente em temas como imigração e diálogo inter-religioso. Nascido na Argélia em uma família de imigrantes espanhóis, viveu a maior parte da vida em Marselha. É um intelectual com doutorado em teologia e formação em filosofia. Sob o pontificado de Francisco, avançou rapidamente na hierarquia da Igreja, chegando a cardeal em 2022. Em 2023, destacou-se ao organizar uma conferência internacional sobre questões mediterrâneas com a presença do papa. Caso venha a se tornar papa, seria o primeiro francês desde o século XIV e o mais jovem desde João Paulo II.
Cardeal Peter Erdo, húngaro, 72 anos

O cardeal húngaro Péter Erdo foi cotado como candidato papal no conclave de 2013, destacando-se por seus laços com a Igreja na Europa e África e por sua atuação na Nova Evangelização. Conservador na teologia, defende as raízes cristãs da Europa, mas mantém uma postura pragmática e sem confrontos diretos com o papa Francisco. Em 2015, causou surpresa ao se opor à acolhida de refugiados proposta pelo Papa, alinhando-se ao governo nacionalista da Hungria. Especialista em direito canônico, Erdo teve uma ascensão rápida, tornando-se bispo aos 40 anos e cardeal aos 51, sendo o mais jovem do Colégio dos Cardeais até 2010.
Cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, maltês, 68 anos

Grech, originário da ilha de Gozo, em Malta, começou sua trajetória de forma modesta e alcançou destaque ao ser nomeado pelo papa Francisco como secretário-geral do Sínodo dos Bispos. Inicialmente considerado conservador, ele se alinhou às reformas do pontificado atual, tornando-se um defensor da modernização da Igreja. Em 2008, foi criticado por sua postura diante da saída de fiéis LGBT da Igreja, mas em 2014 adotou uma posição mais acolhedora, pedindo inclusão e criatividade diante das novas configurações familiares. Seu discurso foi elogiado por Francisco, que sinalizou reconhecimento e futuro avanço em sua carreira.
Cardeal Juan Jose Omella, arcebispo de Barcelona, espanhol, 79 anos

O cardeal Juan José Omella é conhecido por seu estilo de vida modesto e bem-humorado, apesar de seu alto cargo na Igreja. Ao longo de sua carreira, tem se dedicado ao cuidado pastoral, à justiça social e a uma visão inclusiva do catolicismo, alinhada ao pensamento do Papa Francisco. Nascido em 1946 na vila de Cretas, na Espanha, foi ordenado sacerdote em 1970, atuando em diversas paróquias e também como missionário no Zaire. Entre 1999 e 2015, colaborou com a ONG Manos Unidas no combate à pobreza e à fome. Tornou-se bispo em 1996, arcebispo de Barcelona em 2015 e, em 2016, foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco, o que foi interpretado como apoio à sua postura progressista dentro da Igreja espanhola.
Cardeal Pietro Parolin, italiano, diplomata do Vaticano, 70 anos

Favorito entre os apostadores, o cardeal Pietro Parolin tem longa trajetória diplomática na Igreja, sendo secretário de Estado do Vaticano desde 2013, cargo comparável ao de primeiro-ministro. Já atuou como vice-ministro das Relações Exteriores e foi embaixador na Venezuela, onde enfrentou medidas de Hugo Chávez contra a Igreja. Foi figura central na reaproximação do Vaticano com China e Vietnã, defendendo um acordo polêmico com o governo chinês para evitar cismas. Embora discreto nas Guerras Culturais, posicionou-se contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, chamando sua legalização de “derrota para a humanidade”.
Cardeal Luis Antonio Gokim Tagle, filipino, 67 anos

Luis Antonio Tagle, conhecido como “Francisco Asiático”, é considerado um forte candidato ao papado por seu compromisso com a justiça social e sua ampla experiência na Igreja. Ordenado sacerdote em 1982, atuou como bispo de Imus e arcebispo de Manila, sendo nomeado cardeal pelo Papa Bento XVI em 2012. Em 2019, o Papa Francisco o designou chefe do Dicastério para a Evangelização, ampliando sua atuação no Vaticano. Tagle é filipino, com ascendência chinesa por parte de mãe, e representa o país com a maior população católica da Ásia. Se eleito, seria o primeiro papa asiático da história.
Cardeal Joseph Tobin, arcebispo de Newark, NJ, americano, 72 anos

Embora seja improvável que os cardeais escolham um papa dos EUA, o cardeal Joseph Tobin é considerado uma possibilidade relevante. Ex-vice de um departamento do Vaticano (2009–2012), foi nomeado arcebispo de Indianápolis por Bento XVI e promovido a cardeal por Francisco em 2016, que também o designou arcebispo de Newark. Em Newark, Tobin lidou com o escândalo envolvendo Theodore McCarrick, sendo elogiado por sua transparência ao divulgar acordos com vítimas. O mais velho de 13 irmãos, Tobin é alcoólatra em recuperação e conhecido por sua postura acolhedora em relação à comunidade LGBTQIA+.
Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, ganês, funcionário do Vaticano, 76 anos

O Cardeal Peter Turkson, natural de uma pequena cidade em Gana, destacou-se por sua trajetória na Igreja Católica, sendo considerado um possível candidato a se tornar o primeiro papa da África Subsaariana. Com sólida experiência pastoral e cargos de liderança no Vaticano, ele também é reconhecido por sua habilidade comunicativa. Sua origem humilde e formação internacional — incluindo estudos em Gana, Nova York e Roma — contribuíram para sua ascensão. Nomeado arcebispo em 1992 e cardeal em 2003 por João Paulo II, Turkson foi posteriormente chamado ao Vaticano por Bento XVI, onde liderou o Pontifício Conselho Justiça e Paz e se destacou por seu envolvimento em temas sociais globais, como mudanças climáticas.
Matteo Maria Zuppi, italiano, arcebispo de Bolonha, 69 anos

Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha desde 2015, é conhecido por seu estilo simples e atenção aos pobres, sendo apelidado de “Bergoglio italiano” pela mídia devido à sua semelhança com o papa Francisco. Conhecido como “Padre Matteo”, ele costuma circular de bicicleta e mantém um perfil humilde. Caso fosse eleito papa, seria o primeiro italiano desde 1978. No entanto, enfrentaria resistência de setores conservadores e de vítimas de abusos sexuais, devido à postura considerada lenta da Igreja Católica Italiana — sob sua liderança desde 2022 — em lidar com esses casos.
Fonte: Portal G1