Tarifa de 50% dos EUA pode derrubar exportações brasileiras em US$ 6 bilhões
As exportações brasileiras podem sofrer perdas de até US$ 6 bilhões caso os Estados Unidos apliquem tarifa de até 50% sobre produtos nacionais a partir de 1º de agosto. O alerta é do economista Ricardo Valério, conselheiro do Conselho Regional de Economia do RN (Corecon-RN), que acompanha de perto as negociações entre os governos do Brasil e dos EUA. Segundo ele, a medida, anunciada por Donald Trump em 9 de julho, pode afetar diretamente o agronegócio e milhares de empregos no país.
“Estamos a menos de dois dias da possível aplicação das tarifas de 50% e, por enquanto, a diplomacia brasileira e as negociações estão emperradas, sem boa perspectiva de solução”, afirmou. Valério destacou que o Brasil não está incluído na lista de países que podem receber a tarifa reduzida, entre 15% e 20%.
Para o economista, a situação é grave, sobretudo por envolver motivações políticas. “Não é mais apenas uma guerra econômica, mas também uma guerra política levada aos palanques. Um assunto que deveria ser exclusivamente econômico e comercial está se transformando em algo muito prejudicial para o Brasil”, criticou.
Segundo ele, os prejuízos para o agronegócio brasileiro podem chegar a US$ 6 bilhões. O suco de laranja será o produto mais afetado, com expectativa de quase 100% de interrupção nas exportações e perdas estimadas em R$ 800 milhões. Carnes bovinas e café também devem sofrer impactos significativos, com prejuízos de R$ 770 milhões e R$ 480 milhões, respectivamente.
Valério também chamou atenção para os riscos de desemprego e o impacto direto nas áreas rurais. “O que realmente me preocupa, em um país onde ainda há tantas pessoas passando fome, é saber que nossas laranjas podem apodrecer nos pomares por não compensar o custo da colheita diante da falta de um mercado seguro para vendê-las”, disse.
Ele acrescentou que a esperança está na atuação da diplomacia brasileira e na comissão de senadores que foi aos Estados Unidos para tentar reverter o cenário. “Vamos manter a expectativa de que, aos 45 minutos do segundo tempo, nossa diplomacia consiga garantir uma redução para 20%. Ainda é alto, mas bem mais razoável”, avaliou.
Fonte: Agora RN