Esporte

Passivo do ABC reduz poder de investimentos no clube

A inscrição do ABC na Dívida Ativa da União, devido a um débito de R$ 18 milhões, decorrentes de atrasos e falta de repasses de tributos federais tais como FGTS e INSS, por exemplo, tem uma negociação encaminhada e que está necessitando de uma garantia para ser registrada e parcelada, além de reduzida em 50%. Hoje, preocupado em não aumentar o valor desse débito, a diretoria vem recolhendo todos os seus impostos, mas a questão também vem impactando em certos investimentos que o clube necessita realizar.


O vice-presidente administrativo, Ricardo Furtado, ressalta que trabalhar preocupado com o passivo, que se transformou num grande fantasma das recentes administrações do Alvinegro, requer muito trabalho assertivo, pois qualquer deslize pode gerar um prejuízo na casa dos milhões de reais.

“A nossa dívida ainda é muito razoável, mas sabemos que a situação já foi muito pior. Hoje, graças a Deus, a situação está sendo melhor administrada. A gente precisa fazer investimentos no clube, na infraestrutura do nosso estádio, principalmente. O clube passou anos e anos sem investimento nenhum de manutenção. Se não tem investimento de manutenção, de atualização de equipamentos, de maquinário, de infraestrutura, de obra, de conservação e uma série de coisas mais. Com o decorrer do tempo a estrutura se corrói e um bom exemplo disso foi o que aconteceu com os nossos refletores, no jogo diante do Botafogo-PB”, afirmou.

Com relação ao espantoso crescimento da dívida que, em um ano, saltou da casa dos R$ 13 milhões para os R$ 18 milhões, Ricardo Furtado aponta que a questão foi decorrente de uma série de situações.

“A dívida vai sendo renovada ou atualizada de modo pesado, os índices são pesados. Então por isso que ela tem esse crescimento, não é porque o clube atualmente está produzindo mais dívidas, pelo contrário, o clube atualmente está diminuindo a produção de dívidas. Nós já quitamos inúmeras dívidas cíveis e trabalhistas, acho que nunca se fez isso na história do ABC antes, mas há uma dívida remanescente fiscal que enquanto ela não for liquidada, não for negociada definitivamente, ela vai estar produzindo juros, correção monetária, etc. Então se o valor da dívida é alto, você imagine os índices de atualização de juros como ficam, lá para cima”, ressaltou.

Aliada a essas questões, o vice-presidente da administração abecedista aponta ainda que dentro do aumento de R$ 5 milhões de um ano para o outro, decorre ainda muitos autos de infração feitos pelo Ministério do Trabalho, antiga DRT, da Delegacia Regional do Trabalho, que durante anos e anos puniram o ABC por descumprimento das questões trabalhistas, como por exemplo, atraso no pagamento de salário, atraso no recolhimento do fundo de garantia, atraso no pagamento de décimo terceiro e atraso pagamento de férias.

“Periodicamente esses auditores fiscais visitavam o ABC, tempos atrás, chegavam lá, encontravam irregularidades e iam autuando. Enfim, isso foi criando uma bola de neve, porque eram irregularidades administrativas e parece que o Ministério do Trabalho já sabia que encontraria irregularidades no clube. Não dava nem chance para você tentar se recuperar. Graças a Deus, acho que já tem aí uns dois anos que a gente não tem autuação no ABC. Os auditores, agora, chegaram no clube e verificam que as coisas estão regulares. Esse tipo de multa é elevada porque leva em consideração o número de empregados, usado normalmente para multiplicar o valor da infração”, informou.

A boa relação que a diretoria abecedista possui com as autoridades trabalhistas, de acordo com Ricardo Furtado, é fruto de um trabalho longo e pesado.

“É difícil colocar as coisas em dia e com regularidade. O torcedor precisa entender que, às vezes, falta orçamento no clube para você competir com outros clubes que têm uma condição financeira melhor, no momento, ou porque está conseguindo dar de lado nas suas dívidas, ou porque já conseguiu resolver boa parte dessas pendências e passa a ter um orçamento mais confortável. No nosso caso fica difícil para fazer investimento em folha de pagamento de contratação de atletas, porque você tem que cuidar também de um passivo, que, como disse, é ainda muito razoável”, explicou Ricardo Furtado.

Com relação ao problema registrado no sistema de refletores do estádio Frasqueirão, Furtado afirma que decorre da existência de um sistema antigo de iluminação no estádio e que precisa ser modernizado.

“A gente já vem tentando isso com parceiros há algum tempo. Estamos estudando qual a solução que vai ser dada e de forma imediata também. Nós não estamos em condição de poder fazer um investimento imediato com recursos próprios, por conta da situação desse passivo. É muita coisa para se cuidar, com uma receita relativamente limitada, muitas coisas que foram deixadas de lado ao longo dos anos. Então você tem que gerir isso de uma maneira mais inteligente, enfim, com carga de prioridades, com programação de manutenção, então por isso que as coisas terminam acontecendo, mas a gente terá dias melhores”, salientou Ricardo Furtado.

NÚMERO

18 milhões de reais é a dívida do ABC com a União

5 milhões de reais foi quanto aumento da dívida em um ano

Fonte: Tribuna do Norte

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